Um Lugar em Outro Lugar 

Instalação de Tonil Braz 
Curadoria Pedro Carcereri 

Acreditar que certos objetos foram desenvolvidos pelo homem para certas funções demarcadas não se encaixa no pensamento desta exposição. Nenhum espaço pode estar a salvo do questionamento da arte. Em tempos de conservadorismo, “Um Lugar em Outro Lugar”, de Tonil Braz, nos coloca para refletir e nos tira de um pensamento antiquado perante os objetos que nos rodeiam. O ato de reposicionar objetos do cotidiano é pensado de maneira a confrontar suas funções, abrindo portas para diversas significações sobre as criações das quais o homem pensa ter pleno domínio. Agradam-me certos pensadores que ressignificam alguns pontos corriqueiros de nossas vidas, como Borges e Cortázar, em suas mitologias específicas. Locais que tencionam a linha da realidade mais para dentro do território da imaginação e bestiários de criaturas que trazem características desse e de outros mundos ainda não conhecidos. Foucault, com seu conceito de heterotopia, tem como regra justapor um lugar real em outros incompatíveis. A virtualidade de espaços constituídos através do espelho, conectado aqui a outros objetos, desenvolve potencialidades díspares enquanto representações da realidade, supondo lugares em outros lugares. A partir dos objetos desta instalação, Tonil propõe que os aproximemos, tirando-os do lugar onde comumente os vemos sempre separados, mas agora juntos, frente a frente ou lado a lado. O guarda-roupa – íntimo e refúgio –, as grades – claustrofóbicas e delimitantes de espaço –, a televisão – que projeta e anima outras realidades em sua tela – e o espelho – que duplica e dinamiza nossa percepção do espaço – são colocados em confronto. A partir do momento em que alguém se propor a entrar nessa instalação, nada, dentro ou fora do participante, deve se encontrar na obviedade da realidade.

Projeto realizado com recursos da Lei Murilo Mendes 2015

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