(Des)essências​​​​​​​
Tonil Braz
Curadoria de Pedro Carcereri
FAOP (fundação de arte de ouro preto) - Ouro preto - 2017
Não estamos falando de perder a essência, perder a frieza específica de cada material. Estamos falando em voltar ao ciclo natural das coisas, a entender como ferramentas podem negar-se a encaixar-se em nossas mãos, que cadeiras possam fugir de forma tropega [se esgueirando como um filhote de lobo], lâminas podem na verdade nunca terem sido lâminas. É nesse ponto em que os objetos de Tonil Braz se expandem.
O mais interessante é que o deslocamento provocado pelos objetos reformulados não incomoda, nem aos olhos, nem ao pensamento. Eles fazem sentido. São lógicos e críveis se tentarmos e, na maioria das vezes, conseguirmos, explorar suas características. Elas saem das particularidades tradicionais desses objetos de forma tão natural e orgânica, que pode nos fazer duvidar da falta de motricidade dos mesmos. Cada forma é única e a padronagem em que esses artefatos nos são apresentados comumente a partir de agora parece nunca ter existido. Algo de animalesco os habita, querendo aflorar, respirar ar fresco.
Tonil Braz consegue nos propor uma sensata fuga da obviedade que perspassa nossos dias. Ao propor novas formas de ver os objetos comuns que estão expostos, ele traz luz à necessidade que precisamos ter de reformular nossos pontos de vista. É vital que consigamos explorar lugares da nossa imaginação onde um serrote não corte, uma foice não seife, mas sejam poéticos e harmônicos para não mais nos servir, mas conviver conosco.
Ouro Preto pode se tornar terreno fértil para que o arrojo da (Des)essência que o artista propõe possa se mutar em um pensamento crítico perante toda a estabilidade fervilhante que cerca a aura dessa cidade. Permanecer atento as tensões e manifestações, antes, durante e depois desse encontro.
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